da união de duas contadoras de histórias e um músico surgiu um espatáculo de encantar !!!
Da esquerda pra direita : Patrícia Rocha, Evelin Ribeiro e Regis Sabino
O espetáculo Caixa de Histórias é composto por histórias da tradição oral de vários países e diferentes continentes.
Cada sessão pode ser montada ao sabor das escolhas, ou seja, podemos montar nossa Caixa de Histórias conforme a faixa etária do público, tema do evento ou região de origem dos contos.
É o resultado de uma intensa pesquisa sobre as histórias da tradição oral do mundo e sobre as teias narrativas que as alinhavam.
No espetáculo são utilizadas músicas populares, recursos das artes plásticas e visuais.
As histórias serão postadas toda semana e assim você fica conhecendo nosso repertório e pode escolher quais histórias acharia mais interessante colocar na sua Caixa de Histórias.
Ficha Técnica:
Direção – Patrícia Rodrigues Rocha
Produção artística – Patrícia Rodrigues Rocha e Kelly Pereira
Pesquisa e seleção dos contos - Patrícia Rodrigues Rocha e Kelly Pereira
Narração - Patrícia Rodrigues Rocha e Kelly Pereira
Duração – 45 minutos
Lotação – 30 pessoas
Condições Técnicas – Espaço reservado e iluminação ambiente
Contatos: 11-93602916 ou pati_roc@yahoo.com.br
Embala eu, embala eu
Menininha do Gantois
Embala pra lá, embala pra cá
Menininha do Gantois
Oh, dá-me a sua benção
Menininha do Gantois
Livrai-me dos inimigos
Menininha do Gantois
Dá-me a sua proteção
Menininha do Gantois
Guiai os meus passos por onde eu caminhar
Vira os olhos grandes de cima de mim
Pras ondas do mar
Clara Nunes
"No meio da noite de núpcias, o rei acordou tocado pela sede. Já ia se levantar, quando junto à cama, do lado da sua recém-esposa, viu deitado um leão.
- Na certa - pensou o rei mais surpreso do que assustado -, estou tendo um pesadelo.
E mudando de posição para interromper o sonho mau, deitou a real cabeça sobre o real travesseiro. Em seguida, adormeceu.
De fato, na manhã seguinte, o leão havia desaparecido sem deixar cheiro ou rastro. e o rei logo esqueceu de tê-lo visto.
Esquecido ficaria, se dali a algum tempo, acordando à noite entre um suspiro e um ronco, não deparasse com ele no mesmo lugar, fulvo e vigilante. Dessa vez, custou mais a adormecer.
Quando a rainha despertou, o rei contou-lhe do estranho visitante noturno que já por duas vezes se apresentava em seu quarto.
- Oh! Senhor meu marido - disse-lhe esta constrangida -, não ousei revelar antes do casamento, mas desde sempre esse leão me acompanha. Mora na porta do meu sono, e não deixa ninguém entrar ou sair. Por isso não tenho sonhos, e minhas noites são escuras e ocas como poço.
Penalizado, o rei perguntou o que poderia fazer para livrá-la de tão cruel carcereiro.
-Quando o leão aparecer - respondeu ela - pegue a espada e corte-lhe as patas.
Naquela mesma noite, antes de deitar, o rei botou ao lado da cama sua espada mais afiada. E assim que abriu os olhos na semi-escuridão, zac! Decepou as patas da fera de um só golpe. Depois, mais sossegado, retomou o sono.
Durante algum tempo dormiu todas as noites até de manhã, sem sobressaltos. Mas numa madrugada quente em os edredons de pluma pareciam pesar sobre seu corpo, acordando todo suado viu que o quarto real estava invadido por dezenas de beija-flores e que um enxame de abelhas se agrupava na cabeceira. Depressa cobriu a cabeça com o lençol, e debaixo daquela espécie de mortalha atravessou as horas que ainda que ainda o separavam do nascer do dia. Só ao perceber o primeiro espreguiçar-se da rainha, emergiu de dentro da cama, contando-lhe da bicharada.
-É que dormindo ao seu lado, meu caro esposo, cada vez mais doces e mais floridos se fazem meus sonhos - explicou ela, sorrindo com ternura.
E ele, desvanecido com tanto amor, pousou-lhe um beijo na testa.
Muitos meses se foram, tranqüilos.
Porém uma noite, tendo jantado mais do que devia à mesa do banquete, o rei acordou em meio ao silêncio. Levantou-se disposto a tomar um pouco de ar no balcão, quando, caracoleando sobre o mármore real do aposento, viu aproximar-se um unicórnio azul.
Não ousou tocar animal tão inexistente. Não ousou voltar para cama. Perplexo, saiu para o terraço, fechou rapidamente as portas envidraçadas, e encolhido num canto esperou que a manhã lhe permitisse interpelar a rainha.
- É a montada da minha imaginação - escusou-se ela. - Leva meus sonho lá onde eu não tenho acesso. Galopa a noite inteira sem que eu tenha controle.
Tão bonito pareceu aquilo ao rei, que na noite seguinte, quer por desejo, quer por acaso, no momento em que a mulher adormeceu, ele acordou. Lá estava o unicórnio com seu chifre de cristal, batendo de leve os cascos, pronto para a partida. Desta vez o rei não temeu. Levou-lhe a mão ao pescoço, alisou o suave azul do pêlo, e de um salto montou.
Unicórnios de sonho não relincham. Aquele levantou a cabeça, sacudiu a crina, e como se pisasse nos caminhos do vento, partiu a galope.
Galoparam a noite toda. Mas antes que o sol nascesse, quando a escuridão apenas começava a derreter-se no horizonte, os cascos mais uma vez pousaram no mármore. E a real cabeça deitou-se no travesseiro.
-Sonhei que vossa majestade fugia com a montada de minha imaginação - disse a rainha ao esposo, de manhã. - Mas estou bem contente em vê-lo agora aqui ao meu lado - acrescentou numa reverência.
O rei, porém, mal conseguia esperar pelo fim do dia. Tão rica e vasta havia sido a viagem, que só desejava montar novamente naquele dorso, e, azul no ar azul, descobrir novos rumos. Pela primeira vez as tarefas da coroa lhe pareceram pesadas, e tediosa a corte. Da rainha, só desejava que, rápido, adormecesse.
E a cada noite, mais diferente ficou.
Já não queria guerrear, nem dançar nos salões. Já não se interessava por caçadas ou tesouros. Trancado sozinho na sala do trono durante horas, pensava e pensava, galopando na lembrança, livre como o unicórnio.
Ressentia-se porém a rainha com aquela ausência. Doente, quase, de tanta desatenção, mandou por fim chamar a mais fiel das suas damas de companhia. E em grande segredo deu-lhes as ordens: deveria esconder-se debaixo da cama real, cuidando para não ser vista. E ali esperar pelo sono da rainha. Tão logo esta adormecesse, veria surgir um leão sem patas. Que não temesse. Pegasse as patas que jaziam decepadas à sua frente, e, com um fio de seda, as costurasse no lugar.
Tendo obtido da moça a promessa de que tudo faria conforme o explicado, deitou-se a rainha logo ao escurecer, pretextando grande cansaço. No que foi imediatamente acompanhada pelo rei.
Custava porém o sono chegar. Virava-se e revirava-se o casal real sobre o colchão, enquanto embaixo a dama de companhia esperava. E de tanto esperar, o sono acabou chegando primeiro para ela que, sem perceber, adormeceu.
Acordou noite alta, quando há muito o unicórnio vindo buscar o seu ginete. Assustada, não querendo faltar com a promessa e ouvindo o ressonar da rainha, rastejou para fora da cama. Lá estava o leão, deitado e imóvel. Lá estavam as patas à sua frente. Rapidamente pegou a agulha enfiada com longo fio de seda, e em pontos bem firmes costurou uma pata. Depois a outra.
Leões de sonho não rugem. Aquele levantou a cabeça, sacudiu a juba e firme sobre as patas retomou a sua tarefa de guardião. Nenhum sonho mais sairia das noites da rainha. Nenhum entraria. Nem mesmo aquele em que um unicórnio azul galopava e galopava, levando no dorso um rei para sempre errante."
Era um tempo em que o mundo todo tinha lugar pra todo mundo.
As diferenças eram as maiores riquezas .
E foi neste tempo, que nasceu um Menino.
Dentre todas as crianças, este Menino era diferente, portanto muitoooo rico!!!
Mas o Menino, tinha um problema, ele vivia preso.
É !!! vivia preso num mundo só seu ; preso em seu mundo-corpo.
Estranho, né??!
Mas era assim: o menino ficava quase todo tempo só, junto com os sons e movimentos de seu corpo, o que vinha de fora desse mundo-corpo ele ou confundia como dele ou mandava pra longe , brigando, gritando , sofrendo.
Aquela coisa de ter um mundo só dele era legal às vezes, ele ficava protegido, ou se sentia assim, mas outras vezes era muito ruim, sofrido mesmo, dava vontade de gritar, de parar, de separar.
Pra completar, junto com as coisas que vinham de fora vinham também uns GIGANTES.
GIGANTES TÃO GIGANTESCOS que o menino morria de medo.
Esses GIGANTES também faziam sons e tinham mãos enormes que tentavam tocar o Menino e pra se proteger ele não os olhava nunca.
Sempre que um GIGANTE aparecia o menino olhava pro nada, assim prum ponto lá longe e se balançava, ou balançava alguma coisa, mas nunca olhava um GIGANTE.
Um dia o Menino entrou numa casa mágica.
A casa tinha muitas cores, muitos brinquedos e coisas penduradas no teto.
Os Gigantes dali olhavam o Menino e procuravam por ele o tempo todo, geralmente para fazer uma coisa esquisita com a boca que eles mesmos diziam que era sorrir.
Os gigantes dali eram mágicos como a casa, então vou chamá-los de fadas e magos.
Aquelas fadas e magos começaram a mostrar para o Menino o nome das coisas e dos outros gigantes, mais que isso, quando o menino ficava nervoso as fadas e magos davam nome pra isso, nomeavam o que ele queria, o que ele sentia, até mesmo o que ele dizia, mesmo parecendo para os não mágicos, que ele não dizia nada.
Aquilo começou a ajudar o menino a se libertar deste mundo-corpo, que agora já era uma parte do mundo e não todo ele.
Ele começou a perceber que as coisas não eram só ele e seu corpo; que as vontades eram dele para um mundo que era mais do que: ele , seu corpo e seu gigante preferido - ah .... devo ter esquecido de mencionar que o Menino tinha um gigante preferido, em quem ele ficava grudado e nem precisava de nada , já que esse gigante era tudo pra ele.
Esse se separar, esse reparar que tinha vontade, obrigou o menino a olhar diferente pro mundo e querer viver.
Assim o sofrimento já não era o mesmo, ficar num mundo-corpo só seu já não era o suficiente e já não fazia sentido.
Esse menino ainda passou por muitas coisas, sofreu de muitos outros jeitos e se entendeu diferente, mas essa era sua GRANDE RIQUEZA diziam os magos, as fadas e todos os gigantes que o encontravam, porque aquele era o tempo em que o mundo todo tinha lugar pra todo mundo.
Fim
Patrícia Rodrigues Rocha
Em companhia de fadas é que conhecemos lugares maravilhosos e iluminados...
Este blog é para cultuar encantamentos,
pensar no belo e em como ele é passado de geração em geração.
Então ... este é um blog para soltar e ganhar a imaginação.
Contar e ler histórias, com dicas para entrarmos no "Era uma Vez" e sermos "felizes para sempre ..."
"O valor do conto não é apenas emocional e delicioso, uma viagem de retorno ao país da infância. Nem social, expondo o dogma da fraternidade universal ... o conto folclórico ensina a conhecer o espírito, o trabalho, a tendência, o instinto, tudo quanto é habitual que existe no homem "
Luís Câmara Cascudo
Qual é o ponto?
Contar história é parte da minha prática cotidiana, no trabalho, na família e no lazer uso contar e ouvir histórias, é uma paixão.
Entretanto tenho estudado muito, não só a prática e a arte de contar histórias, mas sua função contemporânea.
Muito se tem escrito sobre o uso terapêutico e educacional das histórias, seu caráter de formação cultural do povo e sua riqueza simbólica.
Acredito que estes estudos me levam a ter nas histórias ferramenta importante, como conteúdo cultural, e como instrumento educacional e terapêutico.
Assim, proponho hoje contar histórias tanto em eventos, como proposta cultural e artística, quanto como um meio de intervenção terapêutica, como o faço em minha função de Terapeuta Ocupacional no Centro de Atenção Psicossocial infantil de Guarulhos - SP.
Além disso, tenho repertório para capacitar educadores e terapeutas no uso da arte de contar histórias como instrumento para sua prática.
Como contatar para ouvir e saber mais sobre a contadora e suas histórias?
Para contatar é só ligar para (11) 9360-2916
Por e-mail: pati_roc@yahoo.com.br