Era um tempo em que o mundo todo tinha lugar pra todo mundo.
As diferenças eram as maiores riquezas .
E foi neste tempo, que nasceu um Menino.
Dentre todas as crianças, este Menino era diferente, portanto muitoooo rico!!!
Mas o Menino, tinha um problema, ele vivia preso.
É !!! vivia preso num mundo só seu ; preso em seu mundo-corpo.
Estranho, né??!
Mas era assim: o menino ficava quase todo tempo só, junto com os sons e movimentos de seu corpo, o que vinha de fora desse mundo-corpo ele ou confundia como dele ou mandava pra longe , brigando, gritando , sofrendo.
Aquela coisa de ter um mundo só dele era legal às vezes, ele ficava protegido, ou se sentia assim, mas outras vezes era muito ruim, sofrido mesmo, dava vontade de gritar, de parar, de separar.
Pra completar, junto com as coisas que vinham de fora vinham também uns GIGANTES.
GIGANTES TÃO GIGANTESCOS que o menino morria de medo.
Esses GIGANTES também faziam sons e tinham mãos enormes que tentavam tocar o Menino e pra se proteger ele não os olhava nunca.
Sempre que um GIGANTE aparecia o menino olhava pro nada, assim prum ponto lá longe e se balançava, ou balançava alguma coisa, mas nunca olhava um GIGANTE.
Um dia o Menino entrou numa casa mágica.
A casa tinha muitas cores, muitos brinquedos e coisas penduradas no teto.
Os Gigantes dali olhavam o Menino e procuravam por ele o tempo todo, geralmente para fazer uma coisa esquisita com a boca que eles mesmos diziam que era sorrir.
Os gigantes dali eram mágicos como a casa, então vou chamá-los de fadas e magos.
Aquelas fadas e magos começaram a mostrar para o Menino o nome das coisas e dos outros gigantes, mais que isso, quando o menino ficava nervoso as fadas e magos davam nome pra isso, nomeavam o que ele queria, o que ele sentia, até mesmo o que ele dizia, mesmo parecendo para os não mágicos, que ele não dizia nada.
Aquilo começou a ajudar o menino a se libertar deste mundo-corpo, que agora já era uma parte do mundo e não todo ele.
Ele começou a perceber que as coisas não eram só ele e seu corpo; que as vontades eram dele para um mundo que era mais do que: ele , seu corpo e seu gigante preferido - ah .... devo ter esquecido de mencionar que o Menino tinha um gigante preferido, em quem ele ficava grudado e nem precisava de nada , já que esse gigante era tudo pra ele.
Esse se separar, esse reparar que tinha vontade, obrigou o menino a olhar diferente pro mundo e querer viver.
Assim o sofrimento já não era o mesmo, ficar num mundo-corpo só seu já não era o suficiente e já não fazia sentido.
Esse menino ainda passou por muitas coisas, sofreu de muitos outros jeitos e se entendeu diferente, mas essa era sua GRANDE RIQUEZA diziam os magos, as fadas e todos os gigantes que o encontravam, porque aquele era o tempo em que o mundo todo tinha lugar pra todo mundo.
Fim
Patrícia Rodrigues Rocha
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